O carrapato bovino está se tornando um verdadeiro pesadelo para os pecuaristas brasileiros, gerando um prejuízo que já ultrapassa US$ 3,2 bilhões por ano, de acordo com a Embrapa.
Mas se você acha que esses pequenos parasitas apenas sugam o sangue do gado, precisamos dizer que você está enganado.
Eles também causam lesões dolorosas na pele, levam à anemia, e pior ainda, são responsáveis por transmitir doenças sérias como a babesiose e a anaplasmose, que juntas são conhecidas como Tristeza Parasitária Bovina (TPB).
Esse nome até parece poético, mas, na realidade, trata-se de um problema que pode causar muito sofrimento aos animais e dor de cabeça para quem lida com o gado no dia a dia.
Vamos entender mais sobre esses vilões e como podemos enfrentá-los.
Características do Carrapato Bovino
Os carrapatos afetam a produtividade ao reduzir a produção de leite e causar perda de peso nos animais, devido à falta de apetite e intensa espoliação sanguínea.
Infestações severas podem até resultar na morte do animal.
Cientificamente chamado de Rhipicephalus (Boophilus) microplus, o carrapato bovino é um ácaro presente em áreas tropicais das Américas, África, Ásia e Austrália.
Ele pode infectar outros animais como cães, equinos, ovinos, caprinos, búfalos, e até seres humanos.
Diferente de outros parasitas, o ciclo de vida do carrapato bovino ocorre em um único hospedeiro.
- Em 21 dias, a larva se transforma em ninfa e, posteriormente, em adulto.
- As fêmeas, após uma semana se alimentando de sangue, caem no pasto e depositam até 3 mil ovos antes de morrer.
- As larvas podem sobreviver entre dois meses, no verão, e sete meses, no inverno, até encontrar um hospedeiro adequado e reiniciar o ciclo.
Contaminação por Carrapatos
Os animais podem pegar os carrapatos ao pastar em áreas infestadas. Cerca de 95% dos parasitas estão nas pastagens, e apenas 5% nos animais.
O risco de infestação aumenta em climas quentes e úmidos, especialmente no início do período chuvoso, quando os carrapatos se multiplicam no ambiente.
Controle e Tratamento
Acaricidas são os principais remédios utilizados para o controle do carrapato bovino.
Estes produtos químicos incluem organofosforados, piretróides, amitraz, ivermectina, fipronil, fluazuron, e combinações desses grupos.
Eles devem ser diluídos em água e aplicados por métodos como brete de aspersão, pulverizador manual e pour-on, uma solução oleosa aplicada de acordo com o peso do animal.
No entanto, o uso inadequado de acaricidas pode levar à contaminação de pessoas e do gado, além de causar resistência dos carrapatos às substâncias químicas, reduzindo sua eficácia.
Medidas preventivas incluem o uso de vacinas biológicas e a criação de raças resistentes.
No ambiente, práticas como rotação de pastagens e introdução de espécies com capacidade de repelência ou ação letal contra os carrapatos são eficazes.
Após a infestação, o tratamento é mais eficiente em períodos de estiagem. Os acaricidas devem ser aplicados em intervalos de 21 dias até a redução da infestação.
Em vacas em lactação, é essencial utilizar produtos que não contaminem o leite.
Além disso, esporos de fungos, que são inimigos naturais dos carrapatos, podem ser aplicados tanto nos animais quanto no ambiente, oferecendo uma alternativa não tóxica e sem resíduos.
A combinação dessas estratégias é fundamental para minimizar o impacto dos carrapatos bovinos e manter a saúde e produtividade dos rebanhos.