O mês de setembro, há alguns anos, ganhou a cor amarela para nos lembrar da importância do cuidado com a saúde mental. 

Muitas empresas já têm adotado práticas para proporcionar apoio aos colaboradores, visando reduzir problemas relacionados à depressão e outras doenças psicológicas.

Porém, no campo, ainda há muito a ser feito.

 

Desafios de Saúde Mental no Campo

Ao contrário da associação comum de que o ambiente rural proporciona uma vida mais tranquila, a realidade no campo pode ser de pressão e desgaste emocional. 

Os trabalhadores rurais enfrentam desafios significativos, como isolamento, jornadas exaustivas e incertezas econômicas, fatores que contribuem para o aumento de transtornos psicológicos.

De acordo com um levantamento feito pelo CEREST, a taxa de depressão entre trabalhadores rurais chega a ser 9% maior do que a média nacional, refletindo o impacto dessas condições adversas.

Além disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reporta que o índice de suicídio entre trabalhadores rurais é cerca de 18% maior em comparação a trabalhadores urbanos.

Esses dados, são um sinal de alerta. 

 

A Realidade da Saúde Mental no Campo

A vida no campo exige resiliência diante de fatores climáticos imprevisíveis, oscilações de mercado e, muitas vezes, falta de suporte social. 

O isolamento geográfico e a ausência de políticas públicas voltadas ao atendimento psicológico deixam muitos trabalhadores sem alternativas viáveis para lidar com seus problemas emocionais.

Além disso, o estigma relacionado à saúde mental persiste no meio rural, impedindo muitos de buscarem ajuda. 

Essa combinação cria um ambiente de vulnerabilidade, onde o estresse constante pode evoluir para problemas mais sérios, como a depressão.

 

Ações e iniciativas necessárias

Durante o Setembro Amarelo, é crucial que o tema da saúde mental no campo seja amplamente debatido. 

É preciso mais conscientização sobre a importância de cuidar da saúde mental dos trabalhadores rurais, não apenas como uma forma de prevenir o suicídio, mas também para proporcionar mais qualidade de vida e bem-estar.

Algumas ações concretas que podem ser implementadas incluem:

  • Canais de Apoio Remoto: criar serviços de atendimento psicológico via telefone ou internet, acessíveis a trabalhadores rurais de regiões distantes.

 

  • Capacitação de Líderes Locais: treinar lideranças rurais para identificar sinais de sofrimento emocional entre os trabalhadores e encaminhá-los para o suporte adequado.

 

  • Campanhas de Conscientização: promover campanhas que desmistificam o atendimento psicológico no campo, incentivando o diálogo aberto sobre saúde mental.

Iniciativas como essas já estão sendo aplicadas em algumas regiões do Brasil e em outros países, mostrando que é possível construir redes de apoio mesmo em ambientes mais isolados.

Um exemplo é o projeto “Cuidar da Mente é Preciso”, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que busca promover a saúde mental dos trabalhadores rurais por meio de palestras e oficinas em comunidades rurais. 

O objetivo é capacitar lideranças locais para que possam identificar e auxiliar trabalhadores que estejam enfrentando dificuldades emocionais.

Outro exemplo brasileiro é o Programa “Agro com Saúde”, lançado em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ele oferece suporte psicológico para produtores rurais, disponibilizando uma linha de atendimento para aqueles que precisam de ajuda. 

Além disso, promove ações de conscientização sobre a importância de cuidar da saúde mental no meio rural.

 

O futuro da saúde mental no campo

Investir na saúde mental dos trabalhadores rurais é também investir na sustentabilidade do agro. 

Um trabalhador saudável, tanto física quanto emocionalmente, é mais produtivo e está mais preparado para enfrentar os desafios diários no campo.

No Setembro Amarelo e além, é fundamental lembrar que o cuidado com a mente é tão essencial quanto o cuidado com a terra. 

O campo precisa de mais apoio quando se trata de saúde mental, e este mês traz consigo uma oportunidade para que o agro comece a construir um futuro mais saudável para todos aqueles que trabalham na base da nossa cadeia produtiva.

Com ações coordenadas entre empresas, associações e governo, podemos transformar a realidade no campo, garantindo um ambiente mais acolhedor e saudável para os trabalhadores rurais.