As variações climáticas têm se mostrado um desafio significativo para a agropecuária brasileira, afetando tanto a produção quanto o desempenho econômico do setor.

Desde o ano passado as previsões já falavam sobre os possíveis efeitos dessas mudanças sobre o setor no Brasil.

Em 2024, vimos a confirmação dessas previsões com um recuo do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária em 3% no primeiro trimestre, em comparação ao mesmo período do ano anterior. 

Este desempenho negativo é o pior desde o final de 2022, quando a queda foi de 3,7%.

Mas quais são os impactos disso, e o que esperar para os próximos meses?

Para entender melhor, continue a leitura. 

Queda na produção de soja e milho: o papel do clima

A soja e o milho, dois pilares da produção agrícola no Brasil, enfrentaram grandes desafios no início de 2024.

  • Soja: a produção de soja caiu 2,4%, interrompendo uma série de safras recordes registradas em anos anteriores.
  • Milho: a queda foi ainda mais acentuada para o milho, com uma redução de 11,7% na produção.

Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado em maio, essas dificuldades resultaram principalmente das variações climáticas extremas. 

Em várias regiões, a seca severa comprometeu a produtividade, enquanto em outras, as chuvas excessivas atrasaram o plantio e afetaram negativamente o desenvolvimento das plantas.

Impacto dos preços no PIB da Agropecuária

Além dos problemas climáticos, a redução nos preços dos produtos agrícolas contribuiu para a queda no PIB do setor. 

O PIB da agropecuária considera o valor final da produção, e a diminuição nos preços dos grãos resultou em uma menor taxa de variação para o setor. 

Isso se deve ao fato de que o valor monetário das safras influencia diretamente o cálculo do PIB, mesmo quando a quantidade produzida não sofre grandes variações.

Recuperação e expectativas futuras

Apesar da retração no início do ano, a agropecuária apresentou uma recuperação na análise trimestral, com um crescimento de 11,3% em relação ao último trimestre de 2023. 

Esse avanço interrompeu a sequência negativa observada nos três trimestres anteriores. 

A alta é explicada por fatores cíclicos, como a concentração de colheitas maiores no início do ano.

No entanto, as previsões para os próximos meses são desafiadoras. 

O LSPA projeta uma safra de 299,6 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, uma produção 5% inferior em relação ao ano passado. 

As enchentes recentes no Rio Grande do Sul podem agravar ainda mais essa situação, prejudicando a produtividade e, consequentemente, os resultados financeiros do setor.

Estratégias para se preparar para o futuro

Diante desse cenário, é crucial que os agricultores adotem estratégias para mitigar os impactos climáticos e manter a resiliência. 

Algumas das estratégias incluem:

  • Uso de Tecnologias Avançadas: implementar tecnologias de precisão e sistemas de monitoramento para otimizar o uso de recursos e aumentar a eficiência.
  • Diversificação de Culturas: introduzir uma maior variedade de culturas para reduzir a dependência de grãos específicos e aumentar a resiliência a eventos climáticos adversos.
  • Práticas de Manejo Sustentável: adotar técnicas de manejo que preservam o solo e a água, como a rotação de culturas e o plantio direto.
  • Acesso a Informações Meteorológicas: utilizar previsões climáticas e dados meteorológicos para planejar melhor as atividades agrícolas.

O ano de 2024 se mostra desafiador para a agropecuária brasileira, mas com essas estratégias os efeitos podem ser minimizados, contribuindo para fortalecer suas bases para o futuro.