Falar da recuperação de pastagens é falar da solução que você precisa para obter ganho de produtividade com a atividade da pecuária na sua propriedade rural.
Até porque o problema das pastagens degradadas é uma realidade que faz com que consideráveis áreas sejam utilizadas muito aquém do seu potencial.
Só para você ter uma ideia: há aproximadamente 200 milhões de hectares de pastagens nativas ou implantadas no Brasil e estima-se que cerca de 130 milhões estejam degradados e necessitem de alguma intervenção visando à sua recuperação.
Trata-se de uma situação que gera tanto prejuízos econômicos quanto prejuízos ambientais, uma vez que estimula o desmatamento por meio da abertura de novas áreas de pastagem.
Por isso, é importante que você saiba que a expansão da pecuária não depende necessariamente da abertura de novas áreas de pastagem. Você conta com a opção sustentável de trabalhar pela recuperação das pastagens degradadas.
Continue com a gente neste blog, que vamos te explicar como identificar uma pastagem degradada e também apresentar 3 estratégias capazes de resolver o problema.
Basta seguir com a leitura e obter o conhecimento necessário para contar com uma pastagem sempre verdejante aí na sua propriedade. Confira!
Como identificar uma pastagem degradada
Uma pastagem degradada é uma pastagem que passou por um processo evolutivo de perda de vigor. Ela não possui capacidade de recuperação natural para manter os níveis de produção e qualidade exigidos para o desenvolvimento da atividade pecuária. Além disso, mostra-se mais suscetível ao efeito nocivo de pragas, doenças e invasoras.
Na cartilha Degradação de Pastagens: o que é e como evitar, de autoria da Embrapa Amazônia Oriental, o engenheiro agrônomo, Ph.D. em Ecofisiologia Vegetal e pesquisador da instituição, Moacyr Bernardino Dias-Filho, sugere uma classificação composta por quatro níveis de degradação, conforme reproduzimos na sequência.
Nível 1: Leve
Pastagem ainda produtiva, mas já com algumas áreas de solo descoberto ou plantas daninhas. A rebrota do capim, após o pastejo, é lenta. Capacidade de suporte cai cerca de 20% (em relação à pastagem não degradada).
Nível 2: Moderado
Aumento na infestação de plantas daninhas ou no percentual de solo descoberto (em relação ao nível 1). Capacidade de suporte cai entre 30% e 50%.
Nível 3: Forte
Aumento excessivo na infestação de plantas daninhas (degradação agrícola) ou no percentual de solo descoberto (em relação ao nível 2). Muito baixa proporção de forrageiras. Capacidade de suporte cai entre 60% e 80%.
Nível 4: Muito forte
Predominância de solo descoberto, com sinais evidentes de erosão (degradação biológica). Proporção de forrageiras muito baixa ou inexistente. Capacidade de suporte cai acima de 80%.
Para identificar o nível de degradação das pastagens da sua propriedade, a recomendação é realizar um diagnóstico com o auxílio de um engenheiro agrônomo.
A partir da identificação do nível de degradação é possível tomar uma decisão mais assertiva em relação à estratégia mais adequada para solucionar o problema.
Confira 3 estratégias para a recuperação de pastagens
Pastagens pouco produtivas ou improdutivas podem voltar a ser pastagens produtivas, só depende de serem tomadas as medidas corretas.
Com base na cartilha elaborada pela Embrapa Amazônia Oriental, apresentamos 3 estratégias capazes de reverter essa situação.
Escolha a mais adequada ao nível e ao tipo de degradação da pastagem e à sua capacidade de investimento e qualificação técnica. Confira as opções!
Recuperação direta
Recomendada para pastagens nos níveis 1 e 2 de degradação
A recomposição da produtividade da pastagem e da cobertura do solo pelas forrageiras é a estratégia mais simples e barata para recuperar uma pastagem.
A estratégia consiste no controle das plantas daninhas e na adubação para ajuste da fertilidade do solo, que é realizado com base em resultado obtido a partir da realização de uma análise de solo.
Em alguns casos, pode ser necessário realizar o replantio das forrageiras, mas somente nas áreas de solo descoberto, não havendo a necessidade de preparação do solo.
Uma das vantagens de optar pela recuperação direta é que, dessa forma, pode não ser necessário a retirada dos animais para recuperar a pastagem. Ainda que isso seja necessário, o período de interrupção do uso da pastagem é relativamente curto, de cerca de 30 dias.
Renovação
Recomendada para pastagens nos níveis 3 e 4 de degradação
A renovação de pastagem consiste na formação de uma nova pastagem. Portanto, além de realizar a correção da fertilidade do solo, será necessário preparar o solo e fazer o replantio da forrageira com mudança ou não da espécie.
A estratégia pode ter um custo médio até três vezes maior ao da recuperação direta. Além disso, o uso da pastagem deve ser interrompido por aproximadamente 90 dias, que é o tempo necessário para a formação de uma nova pastagem.
Recuperação/renovação indireta
Recomendada para pastagens nos níveis 3 e 4 de degradação
Por fim, temos a estratégia de recuperação/renovação indireta. Nela, a formação da pastagem ocorre de forma integrada com o plantio de lavoura (ILP), lavoura mais floresta (ILPF) ou apenas floresta (sistema silvipastoril).
Trata-se de uma estratégia que permite não só recuperar a fertilidade do solo, mas também obter renda em curto prazo ou diversificar a geração de renda.
Vale ressaltar que nesse sistema há a necessidade de mecanização da área, preparo do solo, correção da acidez e nutrientes e novas semeaduras, o que envolve um maior emprego de mão de obra para a sua implantação e manutenção.
Por essas características, o investimento é maior no curto prazo, mas com um potencial maior de retorno do capital investido. Porém, cabe avaliar o mercado e escolher a cultura agrícola ou a espécie florestal mais adequada para ser combinada com a pastagem.
Viu, só? Agora, você já está munido de informação para recuperar as pastagens da sua propriedade e garantir uma produtividade elevada.